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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mercado de papelão reage na reta final do ano

Por: Stella Fontes - Valor On-line

Ao contrário do que apontavam as estimativas negativas do início do ano, a indústria nacional de papelão ondulado poderá encerrar 2009 com desempenho estável em relação ao ano passado. Em novembro, o ritmo de vendas das fabricantes mostrou dinamismo semelhante ou melhor que outubro, quando o setor bateu o recorde histórico de vendas em um mês.

Na reta final do ano, as vendas do setor, consideradas um importante termômetro do nível de atividade econômica do país, têm mostrado desempenho melhor do que o esperado, na esteira do retorno do crédito e da melhora na renda do brasileiro, apagando gradualmente a fraca performance até o fim de agosto.

"Se não zerar (a queda do ano), vai faltar muito pouco e será apenas uma questão estatística", afirma o presidente da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), Paulo Sérgio Peres.

No acumulado até outubro, o setor mostrava vendas 3,2% inferiores ao apurado no mesmo intervalo de 2008. Até o fim do primeiro semestre, contudo, o recuo ultrapassava 7% e a indústria não trabalhava com a possibilidade de reversão da queda.
"Há recuperação no setor de embalagens em geral e o ritmo é acelerado", diz Peres, que também preside a Associação Brasileira de Embalagens (Abre). No ano passado, a indústria brasileira expediu 2,274 milhões de toneladas de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado, volume praticamente estável em relação ao de 2007 (2,254 milhões de toneladas).
No grupo Orsa, que está entre os maiores fornecedores de chapas e embalagens de papelão do país, a previsão ainda é negativa para o ano, apesar da forte melhora verificada a partir de outubro. "Mas, se antes esperávamos uma queda de 7% nos volumes, agora estimamos um recuo menor, perto de 3%", diz o fundador e presidente do grupo, Sergio Amoroso. "O primeiro semestre foi caótico", acrescenta.

Até o final o ano, a companhia espera comercializar 280 mil toneladas do produto, com melhora nas vendas para todos os setores atendidos. "Alimentos, bebidas, higiene, limpeza - a melhora é geral", afirma.

Segundo Peres, da ABPO, as vendas de papelão ondulado no quarto trimestre devem mostrar expansão significativa em relação ao mesmo intervalo de 2008, refletindo principalmente o maior consumo de bens não duráveis.

Segundo ele, em outubro o ritmo de vendas já mostrou qual deverá ser a tônica até o encerramento do ano, com a conquista de um novo recorde mensal para a indústria, o que surpreendeu as próprias fabricantes. No mês passado, o setor comercializou 223,8 mil toneladas do produto, com alta de 7,52% ante o verificado em outubro do ano passado, que respondia pela marca histórica anterior.

"Novembro está sendo igual ou até melhor do que outubro. Os números só poderão deixar de refletir isso por uma questão de dias úteis ou feriados", pondera Peres.

Ao final de outubro, quando divulgou os resultados do terceiro trimestre, a Klabin já havia chamado a atenção para os primeiros sinais de melhora consistente das vendas. Até setembro, entretanto, as expedições da líder brasileira no setor de papelão ondulado ainda eram 2% inferiores ao verificado em igual intervalo de 2008, com 333 mil toneladas. Procurada, informou por meio da assessoria que a representante Gabriella Michelucci não foi localizada para falar sobre o desempenho do negócio.

O ritmo inesperado das vendas neste fim de ano, conforme o presidente da ABPO, pode ser atendido pelas linhas de produção sem grandes transtornos para as fabricantes. "A indústria havia se preparado para um período de crescimento, mas acabou surpreendida pela crise. Dessa forma, há capacidade instalada para acompanhar essa expansão", aponta.

A melhora nas encomendas, segundo ele, foi verificada em praticamente todos os setores com maior peso na carteira de clientes das fabricantes. Até outubro, o segmento de alimentos representou 34,3% das expedições do setor, seguido de higiene e limpeza, com 8,9%. Considerando-se todo o universo de bens não duráveis, a participação nas encomendas chega perto de 60%. "Com a melhora da renda, as pessoas consomem mais e isso também se reflete nas embalagens", afirma.

Esse cenário de recuperação econômica, combinado ao dólar desvalorizado, também resultou em maior consumo de itens importados, o que pode ter influência negativa sobre as vendas domésticas de papelão ondulado para embalagens. Conforme Peres, não é possível mensurar esse efeito sobre o setor. "O fato de produtos já embalados substituírem um ou outro item nacional na cesta dos brasileiros tem impacto negativo nas vendas da indústria", observa.

Se a puxada do trimestre não for suficiente para zerar as perdas acumuladas, este será o primeiro ano de retração nas vendas desde 2003, quando a queda atingiu 12,3%.

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